sábado, 27 de agosto de 2011

A Casa Grande

No caminho da escola havia uma casa que todos conheciam como “A Casa Grande”... Era uma casa diferente, tinha quatro fachadas iguais, como se fossem entradas e saídas, mas só duas fachadas realmente tinham portas para entrar e sair. A casa tinha o formato de uma cruz, janelas e portas grandes e vidros embaçados e alguns rachados, como se fosse mal cuidada. Ali morava apenas um casal de velhinhos que estavam sempre andando de um lado para o outro, a velhinha sempre estava cuidando do jardim, regando um pé de flor (rosa vermelha) e outro de laranjeira e o velhinho sempre cuidando de algumas galinhas, patos, galinhas de angola e um peru solitário que sempre que passávamos perecia o cachorro da casa, fazia barulho e abria as asas. O casal de velhinhos nos olhava de forma diferente, mas o olhar para Lucy, minha irmã de cinco anos, era amigável e com sorrisos... e Lucy retribuía. O casal tinha um filho e uma filha que não moravam com eles, já estavam casados e moravam em cidades diferentes e quase não os visitavam, era raro quando aparecia um ou outro, geralmente no final de ano ou em período de festas juninas. 
Lembro-me que tiramos um período de férias escolar, não sei quanto tempo, mas demorou e quando passamos em frente à "Casa Grande” ela já não era a mesma. A casa parecia sombria, sem vida, as plantas morrendo e secas, não vimos o peru barulhento e as galinhas, tudo estava calmo, seguindo o silêncio e as sombras frias que a casa fazia, apenas o pé de rosa vermelha e o de laranjeira estavam verdes como se fossem regados todos os dias. Na volta da escola, bem de tardezinha, a casa aparentava mais sombria e assustadora, mas sabíamos que era o único caminho e tínhamos que passar. Quando estávamos de frente com a casa ela parecia maior que o normal, como se crescesse, parecia ter vida, a noite parecia chegar mais rápido e as sombras em sua volta ficavam cada vez mais negras. Lucy ficou um pouco para trás, talvez pela pressa causada pelo medo que apareceu de repente, apressamos o passo e a esquecemos, quando demos conta e olhamos para trás, Lucy acenava o braço e com um sorriso falava com alguém que não conseguíamos ver, na verdade não havia ninguém na frente da casa. Nesse momento eu, meu irmão e o colega voltamos rápido, pegamos na mão de Lucy e saímos correndo feito doidos para casa com o coração batendo como se o espaço no peito fosse pouco para acomodá-lo. 
Meu colega Juarez se despediu e partiu correndo, ele morava mais longe que nós, minha mãe percebeu alguma coisa e começou a nos perguntar o que tinha acontecido, ficamos por um momento calados e Lucy estava como se nada estivesse acontecido. Com a insistência de minha mãe tivemos que comentar o ocorrido, esta apenas nos informou que o casal de velhinhos tinha morrido, o velhinho morreu numa semana e a velhinha logo em seguida, então a casa estava abandonada há vários dias, os filhos só vieram para o enterro e deixaram a casa só. Esta informação nos preocupou mais ainda, e ficamos a pensar um olhando para outro: "Com quem Lucy falou? Para quem ela acenou? Se não havia ninguém..." Combinamos de falar com o nosso colega o que nossa mãe contou. No caminho para a escola começamos a contar para Juarez que os velhinhos tinham morrido, durante nossa conversa Lucy intercedeu e falou: "Mentira de vocês, eles estão lá cuidando da casa. Eu falei com eles ontem"... O medo tomou conta de nós, não sabíamos o que dizer! Passar na frente daquela casa à tarde já fazia medo... E na volta, como seria?... Já meio escuro, com o canto de agouro dos pássaros noturnos.
Para atender uma encomenda de minha mãe tivemos que nos atrasar. A noite vinha e parecia mais escura, a lua não tinha surgido, as estrelas pareciam mais distantes, além do canto dos pássaros noturnos... O medo começou a tomar conta de nós. Lucy parecia indiferente, mas como era o único caminho, tínhamos que ir. Quando estamos diante da cerca que separa “A Casa Grande” da estrada sentimos um frio percorrer a espinha chegando até a ponta dos dedos, a escuridão era intensa, a casa era sombria... De repente Lucy grita: "Tem alguém lá!" e sai correndo... Quando percebemos, Lucy estava na porta da casa tentando entrar. Havia uma pequena luz dentro da casa, como se fosse a luz de um candeeiro, esta luz começa a percorrer as dependências da casa como se alguém realmente a estivesse conduzindo. Mesmo morrendo de medo fomos buscar Lucy, era nossa obrigação e responsabilidade.
Ao entrar na casa não vimos Lucy e a luz tinha sumido, de um momento para outro a luz da lua começou a entrar pelas janelas de vidros embaçados como também os agouros dos pássaros noturnos... Ouvimos uma voz e fomos em direção dela, quando chegamos parecia uma sala de jantar, Lucy estava sentada na mesa como se estivesse para ser servida, aguardando ansiosa, olhando o prato posto e com talheres na mão, chamei por Lucy e esta com tranqüilidade falou: "Vocês também estão convidados para o jantar, a vovó já vem com a comida"... De repente a porta da cozinha começou a se abrir, com a reação do medo pegamos Lucy e saímos correndo da casa o mais rápido possível, não olhamos para trás e corremos tanto que sentíamos os calcanhares tocando nossas cabeças. Desde então começaram muitas histórias sobre a “A Casa Grande”, luzes que apareciam dentro da casa, a galinha cantando e os pintinhos piando, o barulho do peru, as portas que se abrem e se fecham e muitos andantes que diziam ter feito um farto jantar servido por uma velhinha bondosa e um senhor de olhar frio.

Famílias dizem ter recebido sinais de mortos do 11 de Setembro



Americana que perdeu marido no WTC compilou em livro histórias de premonições antes dos ataques e de supostas mensagens post mortem.
Ventos isolados em um dia sem nenhuma brisa. Moedas que aparecem misteriosamente. Visões dos que haviam morrido dias ou meses atrás.
Para dezenas, esses foram sinais enviados por seus parentes após morrerem nos ataques às Torres Gêmeas do World Trade Center (WTC), em Nova York, no 11 de Setembro.
“A primeira vez que tive certeza de ver meu marido foi seis meses depois de sua morte”, disse ao iG Joanne Kelly. “Ouvi um barulho como se alguém estivesse se mexendo, e fui de quarto em quarto na minha casa, ver o que era. Quando cheguei à cozinha, lá estava ele, de costas. Depois se virou e sorriu, foi até a porta e sumiu. Ele vestia exatamente a roupa que usava em 10 de setembro: bermudas, camiseta e um boné de beisebol na cabeça. Depois disso, as moedas começaram a aparecer.”
Joanne tem quatro filhas. Antes de seu marido, James Kelly, morrer, eles tinham o hábito de tirar cara ou coroa para dividir tarefas entre si, como definir quem buscaria as filhas em uma festa, por exemplo.
Na noite de 10 de setembro, uma das meninas precisava de material para terminar um trabalho escolar. James queria sair para correr, mas Joanne sugeriu que definissem na sorte quem iria à loja comprar o que faltava para a filha.
“Ele riu e acabou me convencendo a ir sem tirar o cara ou coroa. Mas, depois de sua morte, as moedas de 25 centavos começaram a aparecer nos lugares mais estranhos, mesmo em gavetas em que nunca as colocaria, como no banheiro”, afirmou a viúva.
Bonnie McEneaney também perdeu o marido, Eamon (com quem teve quatro filhos), no colapso das Torres Gêmeas.
Segundo ela, só depois da tragédia é que se deu conta de que seu marido pode ter pressentido sua própria morte.
Durante um almoço no feriado do Dia do Trabalho nos EUA, uma semana antes dos atentados de 2001, ela disse que Eamon assustou a família ao afirmar acreditar que terroristas voltariam a atacar o WTC.
Ao dizer isso, Eamon se referia à explosão de um carro-bomba que deixou sete mortos e vários feridos no subsolo da Torre Norte em fevereiro de 1993.

Eamon McEneaney, uma das vítimas dos ataques contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, no 11 de Setembro de 2001
De acordo com Bonnie, seu marido chegou a conjecturar animadamente com seu irmão se, no caso de um novo ataque, devia levar seus colegas para o teto do edifício ou para o andar térreo. Eles decidiram, disse Bonnie, que a melhor saída seria o teto.
“Dois dias antes dos atentados, estávamos conversando, e Eamon me disse: ‘Não tenho mais medo de morrer. Quando acontecer, estarei preparado, então não se preocupe comigo’. Na hora fiquei preocupada e achei que meu marido estivesse ficando deprimido”, disse.
Bonnie aponta outras medidas adotadas pelo marido como sinais de que se preparava para uma tragédia iminente.
Segundo ela, cerca de dois meses antes dos ataques, Eamon aumentou o valor de seu seguro de vida e começou a instruí-la a ser mais rígida na educação dos filhos.
“Sou uma pessoa muito pé no chão. Então, quando ouvia isso dele, achava que era depressão, exagero ou sua reação ao se sentir envelhecendo. Mas, depois que tudo aconteceu, ficou muito claro para mim que ele efetivamente sabia e se preparou para algo importante”, afirmou.
Dias após o colapso das torres, Bonnie e sua família ainda procuravam Eamon nos hospitais de Nova York, como milhares de outras famílias.
“Aquela situação de total desconhecimento sobre o paradeiro da pessoa é completamente extenuante. Por isso, em 13 de setembro, depois de dois dias sem dormir e enquanto parentes e amigos faziam ligações para tentar localizá-lo, fui até o jardim e fiquei observando aquele dia quente, sem nenhuma brisa, totalmente estagnado. Depois de um tempo, com muita frustração, gritei: ‘Por favor, Eamon, me diga: onde você está?’, e foi aí que aconteceu. Ele ou alguém ou alguma coisa respondeu.”
De acordo com Bonnie, a copa de uma árvore enorme do jardim de sua casa, na qual Eamon anos atrás havia escrito ‘O Amor é Para Sempre’, começou a se mexer.
“No início, pouco, mas com o passar do tempo as folhas se mexiam todas, como se um rio de vento passasse por ali. Nada mais se mexia, só a copa daquela árvore. Depois esse vento veio até mim e foi embora”, relatou Bonnie.
“Não sei o que era isso, mas sabia que era uma resposta à minha pergunta: Eamon estava morto, e talvez ele mesmo estivesse me dizendo isso.”

Tronco da árvore em que Eamon McEneaney escreveu para a mulher, Bonnie: 'O Amor é para Sempre.' McEneaney morreu nos ataques do 11 de Setembro - Foto: Arquivo pessoal
Nas várias cerimônias que se seguiram nos dias e meses seguintes, ela começou a conversar com outras famílias sobre experiências parecidas.
Depois de ouvir centenas de histórias de supostas mensagens e sinais recebidos das vítimas do 11 de Setembro, Bonnie decidiu escrever o livro “Messages, Signs, Visits and Premonitions from Loved Ones Lost on 9/11” (“Mensagens, Sinais, Visitas e Premonições de Entes Queridos Mortos no 11 de Setembro”, em tradução livre).
Bonnie McEneaney, autora do livro 'Mensagens, Sinais, Visitas e Premonições de Entes Queridos Mortos no 11 de Setembro' - Foto: Divulgação 

"Não sei se é Deus, não sei se são os mortos, se é a própria natureza se comunicando. O que sei é que essas mensagens são muito positivas para quem as recebe, e ajudam no luto de muita gente. Então, por que não contá-las para todos lerem?”, completou